Olhares e Leituras

A sessão «Olhares e Leituras», dinamizada por Inácio Ludgero, que teve lugar no dia 29 de Novembro, pelas 19:30 horas, na Biblioteca/Centro de Recursos da Escola Secundária Cacilhas Tejo, no âmbito do projecto Novas Oportunidades a Ler + (Plano Nacional de Leitura), propiciou aos presentes momentos de reflexão em torno de fragmentos captados pela objectiva do fotojornalista, em vários locais do planeta, tais como Birmânia, Angola e Timor. O convidado sublinhou e alertou quão difícil é o predomínio da razão em detrimento da emoção, em teatros de guerra.
Tal como referiu Manuel Beça Múrias, «nem todos têm o sentido da oportunidade para estarem atentos quando a História e as histórias acontecem.»

Opinião:

A fantástica passagem, quase fantasma, do famoso fotojornalista Inácio Ludgero pela nossa escola

É de facto lamentável que o ilustre fotojornalista Inácio Ludgero tivesse tido uma plateia tão pouco numerosa a assistir à sua palestra, no passado dia 29, na BECRE.

Contudo, tal facto não limitou o seu entusiasmo em partilhar com os presentes (poucos, mas muito interessados) a sua fantástica história de vida.

 Este ilustre fotojornalista trouxe na bagagem 40 anos de experiência de vida para partilhar connosco. Uma experiência de vida rica, variada, interessante, trágica e, sem dúvida, enriquecedora.

 Inácio Ludgero esteve onde poucos estiveram, assistiu e registou momentos marcantes da nossa história, como o 25 de Abril, várias cimeiras europeias e esteve em cenários de guerra tão variados como Timor, Guiné, Moçambique, África do Sul, Ruanda…

Este famoso repórter fotográfico explicou à plateia que a sua missão, como fotojornalista, é a de mostrar os factos da forma mais imparcial possível, tentando sempre fotografar/registar ambos os lados de uma mesma realidade. O que nem sempre é fácil, pois, tal como salientou, chegou a esperar dois meses por uma boa oportunidade!

Mas também nos provou que devemos procurar a nossa sorte e que vale a pena tentar, pois já tem conseguido fotografar momentos exclusivos!

Outra preocupação deste experiente repórter é a de não deixar passar os seus sentimentos, nem emoções quando fotografa. Limita-se a registar os acontecimentos, da forma mais isenta possível.

Segundo Inácio Ludgero, o fotojornalista não deve participar (envolver-se) em nada, deve apenas olhar e fotografar. Isto é, em caso de acidente/catástrofe, primeiro deve fotografar e só depois socorrer. Tal afirmação chocou um pouco a plateia, pois pode, de facto, parecer cruel, mas é esta a sua função!

Algumas ideias a reter desta palestra:

«O preto e branco é a cor da fotografia».

«Um fotojornalista é um leitor ávido das histórias».

A missão de um fotojornalista é «informar o mundo daquilo que está a acontecer».

«A máquina fotográfica é uma arma mortífera».

No final, respondeu às perguntas que lhe foram dirigidas, partilhou gostos e opiniões e mostrou algumas das suas fotos, momento muito esperado pela maior parte dos presentes. Partilhou um pouco as circunstâncias que tinham proporcionado cada uma das fotos apresentadas, iniciando assim um diálogo com o público presente.

Infelizmente, não pude assistir até ao fim, mas, das fotos que vi, a minha preferida foi, sem dúvida, a «pietá negra».

Parabéns ao CNO e à BECRE, continuem a organizar momentos de qualidade como este, continuem a motivar para os diferentes tipos de leituras. Obrigada Maria da Luz, por trazeres à nossa escola tão ilustre convidado.

03/12/10

Cristina Pimentel