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Uma reflexão de Cátia Lopes

12-02-2011 18:21

Há algum tempo atrás, assisti a um documentário (Não sei precisar a fonte pois já se passaram alguns meses, mas acredito que possa ter sido no “discovery channel”. (No entanto após uma pesquisa na Internet, encontrei um artigo que vai ao seu encontro), sobre a extracção da borracha para fabrico de pneus naquele caso da marca Michelin, que me chocou e indignou bastante.
Neste artigo não se referem apenas à marca Michelin, mas também a outras do mesmo ramo de actividade.
O documentário em questão, relatava as condições desumanas como os trabalhadores (ou seria mais justo chamar-lhes escravos) eram tratados.
O local escolhido pela Michelin para plantação e exploração de seringueiras, era a Nigéria numa região onde nada existia para além de trabalhos rurais antes da sua implantação.
Esta empresa empregou grande parte da comunidade da região e o trabalho era, com a ajuda de um pau, levando um balde (com cerca de 30 Kg) em cada extremidade, carregar às costas a seiva das árvores durante longos km. Trabalhavam de sol a sol cerca de 12 horas sem pausas e apenas recebiam metade do pagamento caso não aguentassem o dia completo de trabalho. Para além do transporte da seiva, tinham ainda de proteger as plantações utilizando pesticidas e fungicidas sem qualquer tipo de protecção para o efeito.
Embora o artigo não mencione este aspecto, o documentário referiu ainda que por esses produtos serem altamente tóxicos, ao fim de algum tempo os trabalhadores que os usavam adoeciam com problemas respiratórios e cutâneos e acabavam por morrer após longos meses de agonia. A partir do momento em que um trabalhador apresentava sintomas de enfermidade, era automaticamente descartado e substituído por outro ainda saudável.
A longo prazo, a poluição gerada pela fábrica, agravada pela infiltração dos pesticidas no solo através da água da chuva, levou a uma contaminação dos rios matando centenas de peixes e destruindo fontes de água potável conduzindo à doença e consequente morte de inúmeros habitantes daquela região.
Dos mais novos aos mais velhos, todos foram afectados pela implantação desta fábrica, uns porque trabalhavam lá directamente, outros vítimas da poluição produzida e consequente escassez de alimentos.
Esta história revoltou-me profundamente, pois acho que o ser humano não tem o direito de explorar e dizimar povoações inteiras apenas por interesses económicos. Acho vergonhoso que no século XXI ainda haja situações destas.
Penso que o mundo deveria assistir a estas emissões com alguma regularidade de forma a fazer reflectir e reagir perante autênticas violações dos direitos do homem camufladas por Lóbis de alguns grupos económicos.
Não digo que estas marcas deixem de produzir a sua matéria-prima, mas hoje em dia, existem filtros e tecnologia de ponta que possibilita o tratamento dos resíduos poluentes tal como estações de tratamento de águas residuais (ETAR) protegendo assim o meio ambiente e o planeta.
É também sua obrigação criar condições de trabalho condignas aos seus trabalhadores. Penso que deveriam ser penalizados caso não adoptassem urgentemente estas medidas.
 

Cátia Lopes, RVCC  nível secundário, Grupo 24
 

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